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Venda

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A vida em sociedade, que se alguém ainda não percebeu eu tomo a liberdade de noticiar, guarda responsabilidades de diversas dimensões e tamanhos o que, por certas vezes, penso eu, acaba por fazer esquecidas aquelas mais ordinárias e comuns como se fossem diminutas, dispensáveis.

Os usos, costumes individuais, que não raras vezes se submetem passíveis a modismos transitórios demonstram o quanto ditos deveres de cada um, de quem vive em coletividade e que não conseguiria fazê-lo de outra forma pela condição humana nada gregária em sua essência, parece que turvam os sentidos, sobremaneira a visão objetiva das circunstâncias e seus valores.

No agora, na atualidade, destaco subversão que me é incompreensível exatamente no que refere ao realce e ataque a uma destas responsabilidades, no mesmo passo e proporção em se ignoram outras, a meu ver, superiores e ainda mais exigíveis que as destacadas.

Ora, se incomodam (ou tentam incomodar, pois nem isso conseguem no mais das vezes) os que gritam contra quem opina criticando os atos governamentais sucessivamente depoentes em desfavor da gestão federal, há erro de direcionamento de sua ira, pois, se manifestar sobre algo é feio, tão mais recriminável é cometer o ato que gera a opinião, ou mesmo o relato.

Se falar sobre algo é feio, bem pior é cometer o ato objeto da fala. Pela lógica que invoco e adoto, e que compartilho em regime de convite a quem me lê agora (agradecendo, aliás, pela atenção), proponho a reflexão de que, não houvessem os fatos, nada geraria as opiniões, me parece claro.

Não deveriam, então, as verborragias destinadas a quem, como todos, inclusive os próprios insatisfeitos com as reprovações cada vez maiores com tudo o que vem de Brasília, dirigir suas insatisfações a quem cometes as coisas, em lugar de direcioná-las a quem as comenta?

Mais: que prurido moral é este, a ensejar a reprimenda contra quem fala, reproduz, interpreta e verbaliza, mas que não tem o condão, ou a responsabilidade (ela, de novo) de, em mesmo grau de ojeriza repreender a quem faz o que não deseja ser quer dito?

Não por acaso, estes que reputam nefasto o dizer, mas acham ignorável, ou até belo o fazer, estão cada mais sós, mais ensimesmados, isolados em grupelhos a cada dia mais diminutos, onde a pregação só alcança a quem já está convertido.

Exercício pífio este, o de vendar os próprios olhos imaginando calar bocas alheias, logo daqueles que estão enxergando o que é cometido em razão da realidade inexorável: sim, as coisas não vão bem.

Claro, ainda é direito destes a negação, não se lhes tire isso, absolutamente!

A intenção não é lhes calar, tampouco lhes ceifar qualquer dos sentidos. Por contrário, a senda é lhes aguçar um dos mais caros sentidos humanos, logo o da visão.

Eis o que poderia tornar, daí sim, relevante e então construtiva a audição para o que têm a dizer, sobre o que está sendo feito, lhes poupando inclusive os esforços empregados na gritaria que empregam para tentar, sem conseguir, esconder ou demover a atenção ao óbvio, aos atos.

Em suma: a quem se sente ferido com as palavras, seria mais produtivo exortar razão a quem comete os atos. As flechadas vocabulares cessariam, as feridas sarariam e o país caminharia.

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